quinta-feira, 8 de julho de 2010

Review – Valkyrie Profile: Covenant of the Plume (NDS)

O prólogo estabelecido em Covenant of the Plume também retrata o primeiro trabalho da desenvolvedora tri-Ace no NDS. Ainda assim, a jogabilidade da série aparentemente tem buscado se modificar um pouco em cada episódio, e distanciando-se do estilo que muitos conhecemos em títulos passados, como Silmeria (PS2), a mecânica faz deste mais um adendo aos RPGs estratégicos.

A arte, em minha opinião impecável, permanece, mas de fato o jogo precisa de muito mais que isso para conquistar nós jogadores.

Em seguida você descobrirá se o que aqui fora construído e modificado merece carregar o nome da franquia, mais uma vez apresentada em portátil.


Pacto Mortal

Diante de inúmeros títulos com ares mais infantis e enredos simplistas, Covenant of the Plume se destaca. A franquia que aborda a relação entre deuses, valquírias e humanos chegou ao portátil com um título inédito e de uma trama adulta que engloba desde guerras e vinganças.

O jovem Wylfred (17 anos) passa por uma vida de sofrimentos: sua família é posta à beira da pobreza quando um duelo decisivo obtém a vida de seu pai, um guerreiro de valor suficiente para atrair ela, a donzela da batalha, ou simplesmente valquíria. Uma pluma, esta foi a prova deixada de que seu pai havia de fato sido escolhido como um Einherjar para os desejos de Odin. Devido a tais fatos, e com uma mãe debilitada, além de uma irmã morta, o maior sentimento presente no peito de Wylfred é o ódio, que o sustentou pelos anos de treinamento. Por ele é desejado um poder suficientemente forte para a conquista de sua desejada vingança sobre aquela que, segundo ele, fora a principal responsável por tudo. Mas, qual o preço para tanto?


Sendo um prólogo este capítulo é cronologicamente encontrado como o 1º de toda a franquia. Logo, os eventos de Valkyrie Profile: Covenant of the Plume antecedem VP: Silmeria (PS2) e Lenneth (PS1, PSP).

Metamórfico

A cada episódio a série parece ter buscado, mesmo que pouco, modificar sua jogabilidade – principalmente no campo de batalha. Nesta versão exclusiva do DS nós não mais vagamos pelos cenários como um habitual jogo de plataforma, mas sim escolhemos nosso destino no mapa principal com uma rápida seleção para então adentrar os confrontos de forma estratégica, atrabés de turnos e quantidade de movimentos pré-determinados pela capacidade de cada personagem – resumindo, um agora considerado SRPG.


Mesmo repleto de diálogos o título não deixa mais uma vez de focar na consagrada jogabilidade de batalha, que se distanciam do que poderíamos supor para um do gênero estratégico como este, introduzindo assim a vasta possibilidade da ação clássica de Valkyrie Profile. Nos duelos cada personagem deverá estar mapeado a um dos botões do portátil, entre eles A, B, X ou Y; de acordo com os equipamentos e profissões será possível, normalmente, desferir até 3 golpes nos inimigos, e com isso criar brechas para incríveis combinações. Quando os personagens preenchem uma barra em particular eles podem desferir um Soul Crush, que funciona como um especial capaz de grande dano ao inimigo.


Além dos objetivos de cada fase há um em particular que perpetuará por mais de 90% do tempo: o preenchimento da Sin Gauge ("Medidor do Pecado" em tradução livre), que junto da mesma pluma que Wylfred fez questão de resgatar como uma memória física do ocorrido ao seu pai, simboliza um pacto obscuro e mortífero feito por ele. Ao uso dela o jovem guerreiro consegue destravar potencial equivalente ao de um deus, mesmo que por um curto período. Os companheiros do protagonista também podem ser beneficiados por esta "benção", mas pagam por isso um preço muito maior...

A utilização da pluma na maioria dos combates é opcional, contudo, o nível a dificuldade de algumas missões pode tornar seu uso uma prática obrigação.  Além disso o sucesso também compreende uma movimentação em campo consciente, onde posicionamento e ação devem ser muito bem medidos para o avanço. Destacando ainda mais este ponto está o fato de que não há locais para se evoluir livremente, só algumas poucas missões paralelas que ajudam a amenizar a dificuldade do título, ainda que não sejam suficientes para quem cogitaria o grind como possível saída.

Equipando um personagem devidamente o jogador tem, além de melhores chances de vitória, a capacidade de adquirir as habilidades Tactics e magias, que por sua vez consumem AP ao uso em batalha; Techniques, ou técnicas, são também equipáveis, porém estas se ativam automaticamente dentro das batalhas.

Exclusivo desta versão está o "Active Formation System" que consiste em bônus adicionais a certos fatores de batalhas, como por exemplo atribuir maiores chances de um ataque extra. Esse sistema é ativado pela formação que se tem contra o inimigo, e garante uma tremenda vantagem se usado com sabedoria.


Com soundtrack assinada mais uma vez por Motoi Sakuraba recebemos o gênero majoritário e apropriado do Rock  ao clima do jogo, contudo sua obra aqui não é completamente inédita e carrega faixas já encontradas em outros episódios da franquia. The Accused, tema de Wylfred, é um exemplo, onde apesar de começar suave a faixa logo toma uma ação sonora que serve como emblema aos confrontos no título.

Contrariando a versão japonesa o ocidente ficou a ver navios quanto a dublagem; nem a edição norte-americana, nem a européia receberam o merecido cuidado nesta área tão importante. O que antes era completamente coberto com atuações para ilustrar a trama de conflitos, angústias e dúvidas, resume-se agora às batalhas, onde como exemplo temos bordões ditos pelos personagem a cada aniquilação inimiga.

Conclusão da jornada

Múltiplos finais, trama adulta e envolvente, tudo regado a um sólido desafio – todos prós em consideração do título. Mesmo sendo uma aventura rápida, com pouco menos de 20h, Valkyrie Profile: Covenant of the Plume registra de forma muito satisfatória mais um acontecimento envolvendo as Valquírias, essas que pela 1ª vez não são protagonistas do título.


Análise originalmente escrita por mim para a edição de nº 5 da Revista Digital Big-N Brasil  (Maio, 2009), porém atualizada e editada para os padrões do SideQuest.

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