sábado, 12 de setembro de 2009

Review – Professor Layton & the Curious Village (NDS)

Você pode estar acostumado a ouvir falar da Level-5 por seus minuciosos e bem trabalhados RPGs, com destaques para Rogue Galaxy e Dark Cloud (ambos para Playstation 2), porém, e tentando inovar no mercado, a empresa administrou outro gênero no mundo dos games, e foi com seu sábio Professor Hershel Layton que a também inteligente desenvolvedora conquistou mais uma gama de fãs. Em números? 3.60 milhões de apreciadores pelo mundo afora.

Na resenha seguinte você descobrirá o que há de tão cativante neste Adventure de duas telas.






História (10/10): Sobre um tesouro, assassinato, e mistérios ocultos

A trama do 1º episódio da franquia se inicia quando Layton recebe uma inusitada correspondência. Através de uma carta uma mulher chamada Lady Dhalia o convoca por ajuda em uma situação um tanto peculiar, onde no texto ela descreve que seu marido, o Barão Augustus Reinhold, havia falecido e deixado o seguinte testamento:

"Para aquele que encontrar este tesouro, ofereço todos os meus bens."

Um acontecimento inesperado como esse acabou por colocar toda a família Reinhold no jogo, e em grande expectativa na fortuna, muitos se interessaram subitamente pelo artefato que, até então, nunca se ouvira falar.
Layton intrigado que isso seja de fato algo além de uma repentina guerra por bens, decide investigar a fundo todo o caso, desde as últimas palavras do Barão à outra eventual morte, onde todos são suspeitos. Esta é a base de algo muito mais imersivo onde o clichê para mim é inexistente. O curioso desta vila lhe garantirá muitas surpresas.

St.Mystere – local onde se passa a aventura – é como o nome induz um completo mistério. Ao destaque uma torre no centro indica que de longe é um dos locais mais incomuns em que Layton & Luke poderiam estar presentes.

Gráficos (8/10): Carisma excelente

Diferente do seu antigo e principal local de trabalho (PS2) a Lv5 teve de lidar com as altas diferenças entre ambas as plataformas, mas ao que tudo indica a excelência em qualidade deve ser uma lei na desenvolvedora, seja portátil ou não. Professor Layton é básico em seu conceito, com cenários quase estáticos e de personagens pouco animados, porém extremamente bem trabalhados.

Todo design da ambientação de St.Mystere e suas adjacências são deveras detalhadas, onde nenhuma área do jogo é similar a qualquer outra, e mesmo que a movimentação seja restrita sob a observação de praticamente um ângulo, dá gosto de admirar ruas, becos, casas e locações do povoado.


O traço dos personagens possuem em sua fonte um ar do francês "Tintin ", e Takuzo Nagano (ilustrador de Layton & cia) conseguiu da mesma forma caracterizar suas criações para um ambiente contraditório aos japoneses, mesmo que outros personagens (como Lady Dhalia por exemplo) intercedam nessa quase perfeita transição, mostrando que apesar de parecido, não se trata de um produto exclusivamente europeu. Layton, Luke, e todos os outros são retratados a partir de traços simples, mas muito carismáticos.

Ainda em questão de gráficos acho válido destacar que de forma soberba (me perco em tantos prós) a Lv5 inseriu no pequeno card do Nintendo DS diversos vídeos que narram o conto da curiosa vila, e não é por menos que foram usados 128 Mb, tornando o título mais um dentre os maiores na biblioteca do portátil.

Algumas cenas em CG, ou animações em geral, sofrem pela compressão na qualidade e limite do portátil, perdendo em ambos elementos áudio-visual, mas aqui isso é praticamente inexistente, onde temos uma das melhores seqüências animadas que o DS possa oferecer sob seus termos. As mesmas são dignas o suficiente para querer se assistir além de uma vez.

Sons (9/10): Instrumentado e de bom sotaque

Outro quesito em que o título se destaca. De início temos as dublagens dos personagens, que ao menos na versão americana, se saem muito bem. A idéia de que tudo ocorre na Europa é de fato vista graficamente, mas com os diálogos falados isso fica ainda mais exposto, o que é perfeito para ambos protagonistas e secundários. Talvez seja um pequeno contra na versão japonesa, afinal, seria estranhíssimo presenciar uma tentativa de plágio do sotaque britânico por orientais em seu idioma de origem, coisa que não deve acontecer, pois assim descaracterizaria os personagens.

Tomohito Nishiura é o responsável pela composição das 19 faixas inclusas em Curious Village, e ao reescrever está review eu afirmo o quanto bela é. O tema principal do jogo com entrada em piano e violino já é suficiente para cativar aos que, ou gostam de tais instrumentos, ou apreciam a música clássica e similares. Entretanto, durante várias partes uma delas tende a ficar exaustivamente repetitiva, em vista a não renovação ou mudança da mesma no decorrer de todo o jogo; Não que "Puzzles" seja ruim, mas consegue chegar ao ponto de se querer retirar todo o volume do jogo, já que é única durante as múltiplas resoluções de enigmas.


Versão orquestrada do tema de Layton

Outros efeitos do jogo em si são simplórios, mas o completam.

Jogabilidade (10/10): Somente para Nintendo DS

Professor Layton certamente não teria sido o sucesso que é se a plataforma errada fosse escolhida, a Lv5 sabe muito bem disso, claro. O NDS garante ao jogador não só uma nova mas também única experiência ao estilo adventure. Os controles são todos via touch screen, e este é o grande charme da funcionalidade ao se resolver os diversos tipos de enigmas. Ao exemplo: se um cálculo é necessário e você não está conseguindo mentalizar tudo por sí mesmo, por que então não se utilizar da própria tela para tal finalidade? e com mais de 129 enigmas diferentes, o brilho deste recurso faz toda a diferença.

A movimentação entre os mapas é point & click (aponte e clique), comum em adventures, e se torna natural com a tela de toque. A exploração dos cenários para coleta de hint coins, caça a outros segredos e uso de menus, também.

Um recurso muito bem colocado aqui é uma revisão dos últimos acontecimentos ao se ligar o DS, assim, se você tiver de ficar um tempo a mais longe de sua aventura não perderá o andar de nada.

Além da trama e personagens o foco de Layton está sem dúvida em seus desafios, ou seja, nos seus enigmas. Apesar de muitos não serem obrigatórios, a parte que desenrola a trama é suficiente para deixar alguns presos por um tempo, e aqui o jogo mostra que um princípio é fundamental para o bom proveito: um mediano ou superior entendimento na língua inglesa. A mesma barreira se mostra de outras formas, como a diferença no sistema de medida em altura e peso por exemplos, o que lhe obriga a, ou chutar, ou procurar o entendimento dessas divergências, ou ainda trapacear com detonados – péssima opção.

Ao se resolver um puzzle as duas telas do DS entram em destaque, a de cima mostra o texto com o enigma em resolução, enquanto a de toque lhe dá as opções e ferramentas necessárias para isso. Picarats são entregues a cada um conquistado, além de servirem como um meio de pontuação do jogo, onde caso haja erros eles serão subtraídos (em um máximo de 3x); quanto mais alto seu valor, mais difícil será o enigma. Se a coisa apertar por fim, você tem como ajuda o uso das hint coins, que auxiliam com dicas frias, mornas, e as como não percebi isso antes?!

Comentários finais: A Nintendo não podia deixar passar a oportunidade de publicar um título como esse no ocidente, e certamente a sua escolha foi perfeita. Professor Layton & the Curious Village possuí conteúdo além do apresentado no texto acima, e sua longevidade ainda é garantida por minigames extras e download de conteúdo. A 2ª aventura (Diabolical Box) já chegou em território ocidental, e mesmo que não haja um vínculo forte que o faça jogar o 1º para aproveitar o outro, Curious Village é indispensável, não só pelo jogo, mas por referências deste simpático universo.


Se não gosta (ou acha que não) desse estilo mais lento, pense mais uma vez, pois o professor Layton e seu carisma podem lhe mostrar o quão maravilhoso é este gênero.

Nota final: 9.5/10

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