segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Review - The Witcher: Enhanced Edition (PC)


The Witcher surgiu através da idéia da desenvolvedora polonesa CD Projekt RED em adaptar a série de livros, de mesmo nome, criada por Andrzej Sapkowski.

Ao utilizar a Aurora Engine, o motor gráfico que a Bioware já utilizou em alguns de seus famosos jogos, como Neverwinter Nights, os desenvolvedores da CD Projekt RED se viram com uma ferramenta poderosa, e que foi ainda mais modificada em The Witcher.

Porém por trás disso restou uma dúvida, já que The Witcher é o primeiro jogo desenvolvido por eles, que até então apenas publicavam títulos de outras desenvolvedoras. Será que o resultado ficou bom? Veremos a seguir.






Um pequeno comentário antes da analise em si:

"Enhanced Edition" é o nome dado a uma grande atualização que The Witcher recebeu no final de 2008, atualização que praticamente transformou o jogo, melhorando o seu desempenho, trazendo novas animações, diálogos refeitos, novos modelos, inventário mais organizado, entre outras tantas coisas. Essa atualização foi até mesmo disponibilizada como um patch gratuito a todos que tinham a versão normal do jogo
, então que não existem motivos para não jogar The Witcher a partir dela.

História (9/10)
De início já é possível garantir que a história vista em The Witcher é algo não tão comum nos rpgs atuais, uma história focada muito em sua narrativa, dark e mais centralizada num tema principal.

The Witcher conta a história de Geralt, um dos últimos witchers, que são pessoas geneticamente modificadas e que por esse motivo costumam ser mal vistas por boa parte da população normal. Os witchers normalmente só são lembrados quando há algum tipo de interesse por trás, onde suas habilidades em combates são sempre valorizadas. A história do jogo tem início quando a base dos Witchers é invadida por um grupo de bandidos, que de uma maneira para não estragar nenhum tipo de surpresa, estão atrás de algo muito valioso deles.

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Um fato interessante é como a história em The Witcher é contada, já que sendo bem centralizada acaba permitindo não apenas que a história seja explorada de uma maneira muito competente, como também nos faz sentir definitivamente dentro daquele universo.

Algo muito importantes dentro desse objetivo, e talvez a mais importante por trás da história de The Witcher, é que no jogo não existe aquela divisão exata de bem e mal, que costuma ser bastante explicita nas decisões em muitos rpgs. Em The Witcher por muitas vezes o jogador acaba se vendo na dúvida em qual caminho seguir na história, em quem ou qual grupo apoiar, já que cada personagem tem suas complexidades e objetivo tão bem definidos, que se torna difícil saber qual caminho seria o certo a seguir, o que na prática realmente não existe.

Essa maneira de tratar as situações acrescenta muito ao jogo, que por mais que a história siga dentro de uma linha principal, serão as diferentes decisões que levarão o rumo da história por esses variados caminhos, muitas vezes até mesmo inesperados, então não estranhe ao ver uma decisão que foi tomada seguindo um rumo que não era o tão esperado ou óbvio.

Gráficos (8.5/10)
Ao utilizar a Aurora Engine poderíamos ter a impressão de que a engine fosse limitar o jogo em algum momento, ou até achar que The Witcher fosse um Neverwinter Nights numa nova capa. Ambas são idéias completamente erradas.

Ao fazer grandes modificações na Aurora Engine, principalmente em relação a câmera do jogo, vemos toda a grandiosidade de The Witcher. Apesar de ter sido lançado em 2007, o jogo não faz feio até para os padrões atuais. O mundo do jogo é representado de uma maneira bastante única através de sua engine, além de todo o cuidado com os pequenos detalhes, por muitas vezes percebemos o grande capricho dos desenvolvedores ao ver inscrições em paredes, objetos, animais, enquanto que num outro momento temos o sol e até mesmo poeiras atravessando uma pequena janela, efeitos climáticos, etc. São coisas que acrescentam muito na imersão do título.

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As cutscenes em tempo real também surpreendem, apesar de poucas elas surgem sempre nos momentos principais da trama, e mostram o domínio total da engine.

Apesar da analise ser considerando a partir da versão Enhanced Edition do jogo, vale citar que em seu lançamento The Witcher teve alguns problemas técnicos, seu desempenho ficava devendo bastante e os loadings eram extremamente longos. Ambos foram melhorados muito após essa grande atualização.

Som (8/10)
Esse é um ponto onde The Witcher impressiona, e as vezes fica devendo. O principal motivo por trás disso é em relação as dublagens e pouca variedade de músicas, que apesar de serem de uma qualidade excepcional, poderiam ter uma variedade maior.

O fato é que sendo um jogo longo, com mais de 50 horas, ficaria difícil não ter essa sensação de repetição, porém uma variedade maior de faixas com certeza diminuiria essa sensação.


As dublagens do jogo foram bastante criticadas no seu lançamento, já que muitos personagens eram inexpressivos em seus diálogos. Porém com a chegada da Enhanced Edition tivemos uma grande melhora, onde boa parte das dublagens foram totalmente refeitas. Personagens secundários agora oscilam entre boas e ótimas dublagens, enquanto que os principais ganharam ainda mais com esse processo. Geralt, o personagem principal da história, transmite exatamente sua personalidade e temperamentos nas diversas situações.

Já nos efeitos sonoros o jogo cumpre seu papel, também tendo sempre o cuidado em relação ao ambiente, bastante valorizado nos efeitos.

Jogabilidade (8/10)
No gameplay The Witcher tenta variar um pouco no gênero, uma das principais idéias quanto a isso foi no sentido de diminuir o famoso "clique clique" dos clássicos rpgs, fazendo com que as batalhas tenham um sistema de timing e combos. Esse sistema possui um tempo de aprendizado, então é provável que muitos se assustem de início. Além disso o jogo possui também diversas variações de ataques, que devem ser pensados de acordo com inimigos, ataques focados em grupos, ataques focados em inimigos ágeis, ataque mais forte para inimigos mais lentos, cada qual com suas variações. Apesar da variedade e qualidade das animações, o sistema de batalha do jogo não chega exatamente a brilhar, mas cumpre o seu papel. O sistema de alquimia também se destaca no jogo, apesar de ser realmente exigido apenas nas dificuldades mais altas.

The Witcher permite que o jogador escolha entre dois sistemas diferentes de câmera, um mais aéreo, que seria aquele estilo clássico utilizando o mouse quase que na sua totalidade, e um outro em terceira pessoa, com a câmera centralizada no ombro do personagem. Esse segundo estilo é o que eu particularmente recomendo, já que o resultado ficou excelente e permite vermos o mundo do jogo com um envolvimento bem maior. Nesse sistema em terceira pessoa a movimentação é feita através das teclas WASD e a utilização do mouse para ajustes de câmera e ataques, o resultado ficou perfeito.

A nudez no jogo é tratada de maneira curiosa, propositalmente sem grande seriedade, com o jogador colecionando cards com imagens de mulheres semi-nuas (em alguns casos totalmente nuas) conquistadas em suas aventuras, que na versão censurada do jogo foram editadas trazendo vestimentos mais comportados.

COMENTÁRIOS FINAIS



Seria bem simples utilizar do fato de The Witcher ser o primeiro projeto da CD Projekt RED para aproveitar dessa situação e classifica-lo como um bom jogo, mas na verdade ele nem precisa disso. The Witcher tem méritos tão bons, que o jogo se sobressairia facilmente até se fosse comparado com outros grandes (e mais famosos) rpgs ocidentais lançados nos últimos anos, é o famoso caso daquele jogo que não atingiu a mesma popularidade, pela falta de nome, marketing, mas que na prática iguala, ou supera, os seus grandes concorrentes.

O resultado é um produto tão inspirado, feito com tanta dedicação, que torna impossível não ficar empolgado para ver o que irão fazer no já confirmado The Witcher 2, que promete levar esse universo e o gameplay ainda mais adiante.

Jogue The Witcher, se torne um novo fã, e se prepare para a sequência. É um caminho sem arrependimento.

Nota final: 8.5

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