sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Review – The Legend of Zelda: Spirit Tracks (NDS)

Dentre os fatos inesquecíveis de 2007 na minha vida gamer estão a compra do Nintendo DS Lite, além do também lançamento de The Legend of Zelda: Phantom Hourglass, título que aboliu todas as minhas experiências passadas na franquia e me apresentou uma forma inteiramente atualizada de se jogar uma aventura de Link.

Nos últimos suspiros do ano de 2009 a Nintendo nos trouxe mais um episódio na infinita cronologia do herói, entretanto, ele retrocede ou avança em comparação a 1ª investida sobre o portátil de duas telas?!





História (8/10): Amigos próximos, inimigos mais próximos ainda

Os fatos de Spirit Tracks ocorrem 100 anos depois dos de Phantom Hourglass, porém, e mesmo sendo uma seqüência direta, os elos formados entre ambos (ou mesmo com Wind Waker) agregam apenas meras referências, ou seja, você poderá jogá-lo sem qualquer tipo de preocupação por não ter conhecido os outros anteriormente.

Ao prólogo do enredo destacado:
"Durante uma guerra travada, o Rei Demônio e os Espíritos do Bem se enfrentaram por um período que aparentava uma eternidade. Ao término do confronto este mesmo Rei havia sido superado, mas não derrotado, pois a vitória dos Espíritos se estabeleceu apenas na redução da sua força a ponto de aprisioná-lo.

As terras em que hoje caminhamos são as mesmas por quais estes trilhos percorrem, trilhos estes que estão espalhados por toda Hyrule através do real intuito de confirmar o aprisionamento daquele uma vez derrubado. Os Trilhos Espirituais servem, na verdade, como correntes, onde juntos da Torre Espiritual - que atua como um cadeado - asseguram esta paz mais uma vez reinante."
Acredite ou não, mas o rumo dos eventos que se seguem são de teor um pouco mais sério ao costumeiro para – especialmente – o estilo cartoon e colorido das aventuras de Toon Link.

Spirit Tracks coloca mais uma vez a Princesa Zelda em grande destaque (ou seja, perigo), e indo direto ao ponto, a jovem acaba tendo seu próprio espírito exportado do corpo. Um aspecto mais adulto, por subitamente assimilarmos este fato como uma possível morte para a personagem. Mas ao contrário do que todos imaginam, ela acaba permanecendo sobre Hyrule nesta mesma forma fantasmagórica. Decidida a evitar o uso de seu corpo para o renascimento do Rei Demônio ela une-se a Link, afim de não só salvar a si mesma, como também proteger estas terras a qual sua linhagem é destinada.

Diferente do se possa imaginar também, Link aqui não é desde sempre o jovem herói de vestes e capuz verde, mas sim um maquinista prestes a receber seu certificado como tal – isso das mãos da própria  Zelda em um encontro no Castelo de Hyrule. Contudo, seu destino estará sempre traçado ao de sua coragem.

Gráficos (9.5/10): Colírio reforçado

Quando o trabalho de desenvolvimento é inteiramente Nintendo ele geralmente surpreende no portátil. É impossível não ficar (ainda mais) surpreso pelo nível de qualidade desta seqüência.

Esta minuciosidade que friso é por muito apresentada nos cenários, mas há outros momentos únicos dentro do jogo que refletem um real polimento em comparação com o título anterior.


As batalhas contra chefes (destaque para a 4ª) e os passeios de trem também servem como um exemplo mais que significativo para o destaque.

Sons (8.5/10): Lembranças...

Quando se fala em instrumentos musicais dentro da franquia os corações logo se voltam para Ocarina of Time, entretanto, aqui também há uma novidade relacionada a isso, e ela se chama Spirit Flute .

Pode ser que Koji Kondo (em parceria a demais talentos) tenha realmente se lembrado de sua ainda tida obra máxima, inspirando-se de forma extra ao saber da inclusão de um instrumento e artefato místico. É certeza que tanto os temas principais do jogo, quanto as melodias entre os duetos dos Lokomos, lhe apresentarão na maioria faixas de grande agrado.

O lindo tema do título que tem um charme pelo uso da flauta

Entretanto, as ínfimas dublagens de Link mais uma vez aparentam as mesmas. Outros personagens em nenhum momento também ousam ir além das simples representações de sentimentos de alegria, espanto, fúria e euforia no quesito vozDemais efeitos também permanecem conhecidos pelos fãs da franquia, basta mencionar, por exemplo, o som ao se completar algum enigma do jogo que já se tem uma idéia completa deste lado sonoro.

Jogabilidade (8/10): Em parceria de um brando obstáculo

Em 2007 a utilização para controle total das ações de Link pela tela de toque foi uma revolução na forma de se jogar Zelda (mas há quem ainda torça o nariz), hoje, nada mais é do que uma reutilização do que antes já se havia mostrado como uma ótima opção.

Um dos focos desta versão é sem dúvida a parceria entre os protagonistas, onde mesmo com o controle total sobre Link, o jogador terá também de ordenar em parte das dungeons a Princesa Zelda. Através da tela de toque você indica o Phantom que o espírito da Princesa devará controlar, e posteriormente seus locais a ir, quem atacar, o que empurrar, ou outras demais particularidades que variam pela armadura; que você realmente permaneça no comando de Zelda quando precisar, pois se depender, por mais simples que seja a tarefa, da inteligência artificial do jogo, pode acabar se decepcionando. Em suma, e ainda que sob o mesmo estilo de controle, a combinação da dupla se torna relevante trazendo bons e ótimos momentos.

Seguindo e completando o outro lado do foco estão as viagens de trem, afinal, de que outra forma Link alcançaria tão rápido seus destinos? a verdade é que em comparação ao barco, do título anterior, a locomotiva de agora agrega uma espécie de restrição, já que você não poderá ir em um local no mapa a menos que haja no mesmo um trilho a ser percorrido. Os comandos são simples, e estão respectivamente entre marcha à ré, freio, 1ª e 2ª velocidade, e apito; da mesma maneira que antes, você também pode traçar a rota em que seu veículo irá seguir, contudo, há de se manter atenção nos trilhos e nos Dark Trains, pois além de serem invencíveis, eles causam game over instantâneo ao choque.

Quando a viagem é inteiramente formada pelos protagonistas não há eventuais regras a seguir, contudo, quando você estiver com um passageiro abordo (ou mesmo carregando um item) as placas de sinalização espalhadas pelos trilhos vão lhe indicar certos objetivos para manter seu visitante satisfeito, e eventualmente, lhe garantindo sucesso na missão em que você se encontra. Algo simples, mas que de qualquer forma adiciona uma mudança entre a rotina do ir e vir.

Da mesma maneira que antes há a coleção de tesouros, que além de garantirem uma grana extremamente gorda e fácil, servem para a troca de partes novas para seu trem. Colecionar todas não é uma tarefa das mais fáceis em vista da raridade de alguns. Vale ressaltar ainda neste tópico que utilizar partes de um mesmo trem é benéfico para a quantidade de dano suportado, porém, o contra maior é que em nenhum momento do que montei eu havia conseguido o que tanto desejava: aumento de velocidade considerável para minha locomoção. De verdade, em muitos momentos há fadiga por ter de enfrentar os mesmos inimigos, utilizar a mesma arma, e principalmente percorrer longas distâncias em um mesmo mapa – sorte que para este caso existem atalhos aos demais reinos.

No geral a dificuldade de Spirit Tracks é baixa, especialmente se você for um veterano. Parece que nesse caso a Nintendo não quis mesmo avançar, o que é uma pena, pois do início ao fim há chances de você acabar morrendo mais em viagens de trem do que sob os próprios pés de Link, e dizer isso é triste, pois se vão subitamente os momentos muito prazerosos que são as batalhas contra sub-chefes e chefes de templos.

É compreensível que devido ao público do portátil (e da franquia) ser vasto e de todas as idades haja esta facilidade, entretanto, a Nintendo poderia pensar nos seus fãs raízes, e eventualmente pelas opções do jogo adicionar algo como níveis de dificuldade para seus enigmas, mudança no local dos itens, ou qualquer outra coisa que acarretasse na longevidade da aventura principal – algo como visto na versão Master Quest de Ocarina of Time.

Comentários finais: Expandir mais do certo, mas além de tudo, trazer novidades, ainda que poucas. A base de The Legend of Zelda: Spirit Tracks é muito do visto em outros da franquia (obviamente), mas suas singularidades se destacam, seja pelas melodias que você mesmo precisa aprender a tocar (via microfone e tela de toque) na Spirit Flute, seja pelos embates mais cinematográficos, participação mais que ativa de Zelda, ou chuva de missões paralelas a se cumprir. O modo multiplayer também pode trazer alguma diversão extra, de forma local e para até 4 jogadores.


Nota final: 9/10

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